Mateus registra uma oração de Jesus ao Pai que é um verdadeiro tesouro.
Garimpemos esse tesouro hoje e aprendamos ensinos valiosos de Cristo.
v.25
1. Jesus louva ao Pai pelo que Ele fez com outras pessoas.
Graças te dou: No original: reconhecer alegremente, aprovar.
Nossa tendência é louvar a Deus por coisas que nos tocam.
Tudo bem, mas precisamos nos exercitar a orar por coisas que Deus concede a outros – e, mesmo assim, não apenas ao nosso pai, mãe, filho, grande amigo, etc.
Uma lista das coisas pelas quais você louvou a Deus ultimamente, seria bem reveladora!
2. Jesus qualifica o Pai
Nesta oração em particular, chamou o Pai de Senhor do céu e da terra.
O Pai precisava ouvir de Jesus que era Senhor do céu e da terra? Claro que não.
Então porque Jesus disse? Falou à toa? Ou para falar bonito?
Vejo três motivos:
a. Porque agradava ao Pai ouvir. Deus gosta de receber louvor, de ser adorado: salmos!
b. Porque é normal alguém gostar de falar dos valores que ama. Jesus tinha prazer em exaltar o Pai.
c. Para ensinar a quem ouvisse e lesse o registro da oração.
Em suas orações (que temo ter de presumir serem bem rápidas):
* Você investe tempo falando a Deus das virtudes dEle? Aliás, uma oração que só falasse nisso, seria uma bela oração!
* Você tem prazer em fazer isso? Essa resposta falará muito da sua intimidade com Deus.
* Quando orar em público, fale de atributos de Deus que você comprovou na sua vida.
3. As verdades celestiais só são compreendidas por pessoas que Deus capacita
Mt 13.10-17; Lc 24.44-45; Jo 14.26 Sl 119.18
Ou seja, entender as coisas do alto não depende da capacidade intelectual de alguém.
Isso fere o orgulho, humilha a arrogância humana – o que é ótimo, pois todos ficamos sabendo que não somos nada e que dependemos de Deus.
Quer entender as coisas do alto? Peça a Deus por sabedoria.
4. Deus aplica um princípio geral para concessão ou não da capacitação espiritual
Paulo aborda o mesmo assunto em 1Co 1.26-28
Esse princípio é:
* Negar a: sábios, instruídos, entendidos, poderosos, de nobre nascimento.
Em termos modernos: cientistas geniais, mentes brilhantes, filósofos influentes, celebridades, chefes de estado, bilionários.
* Conceder a: pequeninos, “coisas loucas deste mundo”, fracas, humildes, desprezadas, que “não são”.
pequeninos: Grego: nepios: lit.: sem o poder da fala. Depois: criancinha.
Metaf.: inexperiente em mente, que confia facilmente. Simples.
Aqui em contraste com os sábios do mundo, pensadores, que confiam muito na mente.
Em termos modernos: pessoas comuns, do povo, incluindo os pobres, curtos de inteligência, explorados, desprezados, ingênuos, analfabetos.
Não é uma regra como a lei da gravidade na terra, mas um princípio geral.
Ou seja, não significa que não há sábio ou poderoso convertido.
E nem que todos os pobres e desprezados serão salvos e muito menos que ser pobre é virtude.
Mas que há esse princípio em atividade, é óbvio: basta olhar para a história!
Lições práticas:
* Dê menos importância humana a alguém porque é importante.
* Deixe de lamentar porque os poderosos não são crentes. Não são porque Deus não quer.
* Agradeça a Deus por ter sido incluído entre os pequeninos
- Ah, mas esse tal princiípio geral é meio esquisito, meio injusto. Com que base Deus estabeleceu tal princípio?
Tipo da pergunta que não fica sem resposta na Bíblia. Aliás, resposta claríssima:
v.26
5. Deus estabeleceu esse principio geral porque quis! Ele é soberano.
Quem conhece a Bíblia e não crê na absoluta e total soberania de Deus, não entendeu.
Ele decide quem será salvo e quem não será: Rm 9.14-18
E essa soberania inclui conceder entendimento espiritual a uns e negar a outros.
Nós, crentes, seríamos menos inquietos, menos inconformados, menos angustiados se levássemos mais a sério a soberania de Deus, conforme a Bíblia ensina.
v.27
6. Conhecimento mútuo e exclusivo entre Pai celeste e o Filho.
Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho...
Aliás, esse conhecimento é tão absoluto, que Cristo diz Eu e o Pai somos um.
É uma verdade que está acima da nossa compreensão, mas é crucial para uma fé saudável no Deus triuno que a Bíblia ensina.
Termino com um toque especial:
O crente poderia dizer “Ah, que pena, eu queria ter um pouquinho do conhecimento que o Filho tem do Pai. Afinal, Cristo tem uma natureza humana e eu sou humano.
Pois é exatamente o que Jesus diz que aconteceu conosco:
... e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
7. O crente teve o alto privilégio de ter sido escolhido pelo Filho para revelar o Pai.
O que você conhece se Deus não é apenas um conhecimento teórico, técnico, vindo da leitura da Bíblia. Esse tipo de conhecimento qualquer um pode ter.
Mas o crente conhece a Deus de maneira íntima, especialíssima, pois Cristo o ensinou (através do Espírito Santo que ambos enviarem para habitar em nós).
Um conhecimento semelhante na própria essência, ao conhecimento que o Filho tem do Pai (pelo menos quanto à natureza humana do Filho).
De fato, o conhecimento que Cristo tem do Pai deve servir de modelo para o conhecimento que o crente deve almejar do Pai.
Que venha do fundo do nosso coração uma oração do tipo, “Meu Pai celeste, não pare de transmitir à minha alma, mais e mais, o conhecimento que o teu Filho tem de Ti”.
Que Deus nos abençoe! Amém