EM QUAL DAS PORTAS EU ENTRO?
Mt 7.13-14
Sendo mestre em usar figuras, aqui Jesus fala de duas portas, cada uma dando acesso a um caminho. Vamos explorar um pouco esse valioso ensino.
Primeira porta e primeiro caminho:
Larga, que dá acesso a um espaçoso caminho, e são muitos os que entram por ela.
Só com essas características, já seria tentador concluir, pelos padrões humanos: “Essa é a boa, todo mundo está indo por lá’’.
Os homens são muito influenciados pelos outros.
* Um atleta começa a usar um tipo de tênis, todos os jovens seguem, e depois até os adultos também. Vira moda.
* Aquele restaurante está cheio? Esse é bom.
Até certo ponto, essa reação tem sentido. Uma marca só vai ser famosa por muito tempo se de fato tiver qualidade.
Só que o assunto aqui não é sapato, ou geladeira, ou pizza - é vida eterna!
Assim, a grande pergunta que surge é:
Esse princípio do comportamento humano é válido para assuntos espirituais?
Vejamos o que diz Jesus: A porta larga, que dá acesso a um caminho espaçoso, onde muitos entram, conduz para a perdição!
E aqui vemos estabelecido um princípio específico para as coisas espirituais: quantidade não é sinal de qualidade. Sucesso numérico não é prova de acerto.
Aliás, é o contrário: multidões seguindo por um determinado caminho é praticamente indicação de erro. E vai haver perdição no final da estrada.
Um ancião de 80 anos dizia-se indignado com a corrupção no Brasil, a deterioração da moral e todos esses males que parecem se avolumar ultimamente em nossa sociedade.
Educadamente o interrompi, abri uma Bíblia e pedi que ele lesse:
1Jo 5.19b: ... o mundo inteiro jaz no maligno.
E sugeri que ele não esquecesse esse fato quando fosse avaliar os grandes movimentos da humanidade, as tendências, a História.
A maioria seguir por um caminho de perdição é apenas uma consequência desse fato.
Segunda porta e segundo caminho:
Estreita, que dá acesso a um apertado caminho e são poucos os que acertam com ela.
Com uma definição dessas, e avaliando pelos padrões humanos, uma só palavra vem na mente: fracasso.
Talvez muitos resistem a aceitar o Evangelho exatamente por ter poucos seguidores.
Importante: refiro-me ao Evangelho puro, conforme ensina a Bíblia, não a doutrina sincrética do catolicismo romano, que mistura Bíblia com paganismo e idolatria.
E nem falo de muitas igrejas e seitas debaixo do grande guarda-chuva dos chamados “evangélicos”, que oferecem uma salada indigesta de Bíblia com extorsões prometendo prosperidade.
Ou ainda dos que incitam a uma busca ilusória de práticas místicas espetaculosas, imitação grosseira dos milagres, curas e profecias que realmente ocorreram em algumas épocas dos tempos bíblicos.
O legítimo cristianismo, tal qual o próprio Cristo ensina, não atrai as massas, tem gosto de coisa fracassada. Há séculos é pregado no mundo inteiro, mas nunca teve muito sucesso.
A pessoa ouve e pensa:
“Estou cansado de fracassar na vida. Não quero mais saber de coisa modesta, pequena. Já basta. Pelo menos na minha religião eu quero acertar, permanecendo numa bem antiga e grande, com milhões de seguidores. Ou pelo menos numa não tão antiga ou não tão grande, mas que me prometem bens materiais ou poderes sobrenaturais. O que não quero mesmo é ir por um caminho onde seguem apenas uns gatos pingados, com um Evangelho ultrapassado, rígido e sem graça. É claro que eles devem estar errados”.
Que pena! É exatamente esse caminho de pouca gente que conduz para a vida eterna!
Voltando: Pensando bem, por que será que Jesus chamou de LARGO o caminho para a perdição? Algumas sugestões.
1. Porque é gostoso de andar, não precisa ter critérios definidos. Hoje vai pelo lado direito, amanhã – se lhe convier – passa para o outro lado, depois fica no centro e assim vai seguindo, sem compromisso com ninguém e com nada.
Tipo do procedimento que cai como uma luva na nossa época pós-moderna, em que a verdade é relativa, cada um tem o próprio sistema de valores e, mesmo assim, sujeito a mudar a qualquer momento, sem satisfação a dar a ninguém.
2. Porque dá a sensação de liberdade. E como o homem gosta de se sentir livre, sem alguém por cima, ditando o que fazer.
Não percebe que essa sensação é falsa, pois de fato ele é escravo do próprio pecado.
3. Porque pode se afastar quando bem entender, das pessoas com as quais ficou difícil se relacionar.
* Está difícil com a esposa? Passa para o outro lado, e arranja outra.
* O amigo o ofendeu? Sem problema, sai de perto dele.
* Está farto de conviver com outros humanos? Arranja um lugar bem isolado, espaço é o que não falta nessa larga estrada.
E por que chamou de APERTADO o caminho para a vida?
1. Porque há critérios bem definidos, como Cristo falou para os seus discípulos:
Mt 5.48: perfeitos: completos.
Para a carne, que reina soberana no homem natural, isso é totalmente desinteressante. Dá até “claustrofobia existencial”, ficar o tempo todo procurando ser tão íntegro como o próprio Deus – pensam muitos.
2. Porque é preciso muita atenção, para andar nesse caminho:
2Pe 1.10: Diligência é atenção, cuidado, concentração. Muitos não querem andar tão concentrados no percurso da sua vida, dia a dia, momento a momento. Para eles, já bastam as pressões profissionais, sempre exigindo mais rendimento, mais eficiência, mais resultados.
3. Porque tem de levar uma cruz: Mt 16.24
Ora, esse é o tipo de pronunciamento que afasta a maioria das pessoas, naturalmente tão desejosas de prazer, de “moleza”, de facilidades.
4. Porque tem de colocar em alta prioridade o relacionamento com as pessoas.
Numa estrada apertada, não há espaço para sair de perto à primeira ofensa recebida ou a um simples desconforto no trato.
Precisa suportar, perdoar, exercer amor... e continuar convivendo, estrada a fora.
* O casamento está com problemas? Trabalhe o relacionamento, valorize o juramento que fez para o cônjuge e trate de reconstruir essa união.
* Um inimigo lhe prejudicou? Perdoe!
Irmão em Cristo: falei que o caminho é apertado quando olhado do ponto de vista da carne, do aspecto pecaminoso do homem.
Mas o que foi que o crente fez com a sua carne? Crucificou-a:
Gl 5.24
O crente que acha desagradável a sua vida “apertada”, pode estar deixando a sua carne viva, ativa.
Mesmo com a cruz característica do caminho apertado, a reação do homem espiritual é sentir-se em paz, com uma satisfação interna.
Foi assim que os apóstolos reagiram aos sofrimentos:
At 5.40-41: Muita alegria, mesmo em pleno aperto do caminho!
At 16.22-24: Quem está chateado, amargo, deprimido, não canta!
Irmão, nunca se sinta triste ou arrependido por ter entrado pela porta estreita. O caminho de fato é árduo, sofrido e às vezes bem apertado, mas é gostoso para a alma!
E você, amigo?
Há uma palavra de Cristo especialmente dirigida aos que ainda não entraram pela porta estreita: Lc 13.23-24
É que no futuro procurarão entrar, mas será tarde. Quando? Ou ainda nesta vida ou no dia da morte, ou julgamento final, não importa: um dia implorará para ser salvo e será tarde.
Será apenas um desejo egoísta de tão somente escapar da condenação e ir para um lugar agradável. E sem qualquer arrependimento, humildade, submissão a Cristo, vontade de adorar a Deus.
A hora de entrar na porta estreita e seguir pelo caminho apertado, é essa!
Jamais Deus deixará de fora da porta estreita alguém contrito diante dEle, que humildemente se dispuser a tentar ser perfeito como Ele, levando a sério a sua chamada e disposto a levar a sua cruz.
Entre nessa porta!
Não se iluda com o espaço e a largueza da estrada da perdição.
Pode ter momentos agradáveis aos prazeres da carne, e até agradável andar por ela, durante algum tempo.
Mas veja o final. Você deseja a perdição da sua alma?
Moisés entendeu bem esse perigo, e escapou:
Hb 11.24-26 - a Bíblia não nega que o pecado é prazeroso.
Escape também!
Entre pela porta estreita: seja humilde, reconheça-se pecador, peça perdão a Cristo e se submeta ao jugo dEle.
Posso lhe garantir que é um jugo suave!
Que Deus nos abençoe. Amém!