Errou? Que seja julgado (Julgamento permitido - 2/4)
Estou pregando sobre 4 tipos de JULGAMENTOS PERMITIDOS pela Bíblia.
1. Julgar pela RETA JUSTIÇA.
2. Permitido julgar pessoas por ações erradas.
3. Permitido julgar costumes e procedimentos para aprovação ou não na igreja.
4. Permitido julgar brigas entre irmãos
Hoje veremos o 2o.:
2. Permitido julgar pessoas por ações erradas.
Esse tipo de julgamento não entra no mérito das intenções, mas de fatos concretos.
Jesus e os apóstolos não hesitavam em julgar pessoas que agiam de maneira errada, inclusiva citando nomes algumas vezes:
Jesus:
* Lc 7.40,44-47
* Fariseus em geral: Mt 23.13-36: refere-se a procedimentos: atrapalhavam a salvação de pessoas, juravam errado, negligenciavam os preceitos mais importantes da lei, por fora eram uma coisa mas por dentro eram outra, perseguiam os fiéis a Deus.
Paulo:
* 2Tm 4.10 – Demas... amou o presente século… me abandonou: fatos reais.
* 2Tm 4.14-15: Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males - fatos reais
Pedro: 2Pe 2.12-19: embora não cite nomes, fala de procedimentos.
João: 3Jo 9-10 – Diótrefes... gosta de exercer a primazia… não nos dá acolhida…
... obras que pratica - sempre tratando de fatos.
Tomando esses casos como modelo, qualquer um tem apoio bíblico para chegar diante de alguém que fez algo errado (pecou) e dizer diretamente: “Você está errado”.
“E se o irmão vier lhe dar lição de moral, citando Jesus na questão da trave no olho, dizendo que você também é pecador, etc?”
Não aceite. Reconheça que é pecador, mas que não é isso que caracteriza uma trave no olho, que você está vendo claramente o erro do outro, que você quer ajuda-lo, que no dia em que ele vir um cisco ou uma trave no seu olho você estará pronto para ouvir. etc.
Pergunta:
É obrigatório sempre confrontar qualquer um que tenha cometido ou esteja na prática de qualquer tipo de pecado? Se é pecado contra você, sim, precisa confrontar.
Não sendo, a Bíblia não obriga. Cada um decida caso a caso, não há regra.
Importante é ter propósito bem definido, visando edificação. Não adianta falar por falar.
“E se você resolveu não falar com o irmão faltoso, isso o impede de dizer que ele errou?” Não. O erro dele não desapareceu ou ficou menor porque você não o confrontou.
Ex.: Alguém se comportou-se mal num jogo. Todos os presentes notaram. Se alguém vier lhe perguntar o que você achou, você deve ser franco: “Acho que ele errou”.
Prosseguindo:
Além de exemplos de pessoas avaliando e condenando pessoas, a Bíblia estabelece procedimentos para a igreja (agora em termos coletivos) julgar e condenar:
* 1Tm 5.20: Embora a exortação seja para uma pessoa, Timóteo, ao exigir repreensão pública, Paulo incluiu a igreja.
Detalhe: Quem deveria ser repreendido publicamente? Qualquer pecador?
Não. Pecadores, todos somos. O alvo aqui são os que viviam na prática do pecado.
Note que a repressão pública é uma forma de pena, após a pessoa ser julgada.
A pena pode ser maior do que apenas condenação verbal.
2Ts 3.14-15
notar: gr. σεμειοω semeioo: marcar, anotar, distinguir pela marca
Não sabemos exatamente como seria esse “notai”, essa marca, mas certamente algo mais que apenas uma repreensão pública.
Talvez a leitura do nome em público, ou algum tipo de advertência formal.
Seja como for, o caso deveria ser exposto publicamente, com objetivo de envergonhar para arrependimento.
Finalmente, a pena máxima pode ser a exclusão da igreja.
Duas passagens:
1. Mt 18.15-18
O membro é parte integrante da igreja, faz parte do corpo.
Suas atitudes e procedimentos precisam ser tais que dignifiquem o nome da igreja (e o de Cristo, que é o cabeça da igreja).
Quando ocorre o contrário, o membro é interpelado pela liderança, visando resolver.
Se for o caso, assunto chegará até uma sessão da igreja, onde pessoa será julgada.
2. 1Co 5.1-5, 12-13
Três observações:
a) Paulo julgou a ação do homem e decretou o que deveria ser feito: expulso e entregue a Satanás (não através de alguma cerimônia, mas o simples ato de expulsá-lo e isolá-lo da comunhão o exporia à ação de Satanás – tentações, quedas, sofrimento, doença).
b) v.12 é importante pois estabelece um princípio: a igreja tem direito (e dever) de julgar os de dentro (membros).
c) v.7,13: Paulo ordena fortemente à igreja que expulse o homem.
Encero lembrando que, embora autorizados a julgar ações de outros, NÃO somos autorizados a...
... julgar com sensação de superioridade
... julgar o que parece ter sido um procedimento errado mas não foi
... julgar a intenção do outro
... julgar o que parece ser biblicamente errado e não é
Sempre esteja atento para a sinceridade dos seus propósitos ao julgar, se há vontade de ajudar e não de humilhar ou esmagar.
Seja humilde ao julgar, lembrando que você também é falho e sujeito a julgamento.
Não fujamos da responsabilidade de julgar pessoas, mas pedindo sabedoria para fazer isso nos momentos certos, pelos motivos certos e com métodos certos.
E seja humilde ao ser julgado por algum erro.
Que Deus nos ajude. Amém