Cl 2.10-15 56 minutos 30/04/2017
Mauro Clark
Nos v. 8-9 previne contra qualquer ensino que nos afaste de Cristo, que é Deus.
Agora volta a falar de várias características nossas com relação a Cristo.
Aqui temos informações de altíssimo valor teológico e também prático.
Até o final do v. 15: quatro afirmações sobre o crente e uma sobre o Diabo e poderes malignos.
Antes disso, parece que a 2ª. parte do v.10 é o coroamento do v.9:
v.10b: Ele é o cabeça de todo principado e potestade
Principado e potestade: deve incluir poderes malignos. Cristo é soberano sobre todos, faz parte da Sua divindade.
Agora passa de fato a falar de quatro aspectos da posição, da ligação, da interrelação do crente em Cristo:
v.10a
1. Aperfeiçoados
Liter.: pleroma: pleno, completo. A mesma palavra traduzida por “plenitude” no v. 9.
Pena que a RA não tenha repetido a palavra “plenitude”, como fez a NVI:
NVI: e, por estarem nele, que é o Cabeça de todo poder e autoridade, vocês receberam a plenitude.
O tempo é perfeito: algo que já foi feito em nós.
Nós já fomos feitos plenos, completos em Cristo.
A plenitude dEle é estendida a nós (com limites), nos completando:
2Pe 1.4 - não que nos tornamos deuses, mas participantes da divindade.
Jo 1.16 - mesma palavra pleroma
Essa plenitude não é fruto de esforço nosso (como a santificação, que é feita por Deus mas se utilizando de esforço nosso).
Mas uma obra feita diretamente pelo Espírito Santo em nós.
Volto a bater na tecla: o crente não é alguém que apenas mudou de religião, mas passou (e ainda passa) por profundas transformações espirituais, todas tendo Cristo como centro.
v.11
2. Circuncidados
Também, nele fostes circuncidados
Circuncisão: remoção de pele no órgão masculino (prepúcio).
Ao mesmo tempo que era sinal da Aliança de Deus com Abraão (e os judeus), visava higiene e saúde dos judeus e de quem entrava na Aliança.
Paulo faz analogia: estamos tão intimamente ligados com Cristo, que, como Ele foi circuncidado, nós também fomos.
Não fisicamente, como Ele, mas uma circuncisão espiritual, operada pelo Espírito Santo: removeu o nosso “corpo da carne”, ie, em termos de salvação, estamos livres da contaminação dos pecados que nossa carne nos faz praticar.
Infelizmente ainda cometemos pecados no nosso corpo, mas esses pecados não interferem mais em nossa condição de salvos.
Que cirurgia espetacular o Espírito Santo fez em nós, por causa de Cristo!
Mas continua a analogia do que ocorreu com Ele e o que foi feito em nós, por causa dEle:
v.12-13a
3. Sepultados e ressuscitados
Cristo foi sepultado? Nós também fomos! Não literalmente com Ele, é claro.
Quando alguém exerce fé em Cristo, se identifica tão profundamente com Ele, que Deus aceita aquela pessoa como tendo morrido e sido sepultado com Cristo.
Mas Cristo ressuscitou e o novo convertido tem fé no poder de Deus para fazer isso!
Ótimo, então Deus nos ressuscita também com Cristo, para uma nova vida.
Tudo isso é simbolizado no batismo!
É importante o crente ser coerente com essa posição privilegiadíssima que tem em Cristo, vivendo como morto para o mundo e ressuscitado pela fé para uma nova vida.
Paulo acabou de falar do efeito que a fé tem de identificar o convertido com Cristo a tal ponto que ele recebe a plenitude de Cristo e é como se tivesse sido circuncidado, sepultado e ressuscitado com Ele, Cristo.
Mas tudo isso só é possível por causa de outro efeito fundamental que a fé tem: levar Deus a perdoar o pecador.
v.13b
4. Perdoados
... perdoando todos os nossos delitos
Esse é outro pilar do ensino cristão: quem exerce fé em Cristo está total e definitivamente perdoado de todos os pecados - passados, presentes e futuros!
O homem natural é morto espiritual - por causa das transgressões (pecados) e da incircuncisão da carne (natureza má, consequência do pecado original).
No processo da conversão o pecador passa da morte para a vida em Cristo. Jo 5.24
E esse processo envolve o perdão definitivo de pecados.
Isso é tão espetacular e atordoante, que muitos teólogos e pregadores sérios, não conseguem absorver.
E acham que o crente pode perder a salvação, caso peque e não se arrependa. É o chamado arminianismo.
O ensino bíblico (e de Agostinho e de Calvino) é que uma vez salvo, sempre salvo.
Continuando, Paulo descreve de forma interessante esse perdão.
v.14
Imagina uma dívida por escrito, um documento onde constava todas as nossas dívidas, nossos pecados, cada vez que desobedecemos os princípios de Deus.
ordenanças: não só os grandes princípios espirituais, mas cada detalhe da lei de Moisés.
E quanto aos que não conheceram a Lei, a consciência serviria de lei: Rm 2.11-16
Pois bem, Deus pegou esse documento que era contra nós, cheio de dívidas nossas, tirou de onde estava (“cartório” divino), cancelou e cravou na cruz!
Fico me imaginando olhando para Cristo, morto na cruz. Noto um papel pregado. Me aproximo, e lá está escrito: Mauro Clark está eternamente condenado.
Mas com letras grandes e vermelhas, vejo escrito por cima, com o sangue de Cristo: CANCELADO!
E a fé me diz que isso não é apenas um sonho dourado, mas pura realidade!
Para mim, para você, para qualquer um que creu em Cristo, fomos perdoados!
Que coisa boa para esmagar o orgulho, o ego, a altivez - tão típicos de nós.
Um crente orgulhoso é uma a contradição em forma de gente!
Voltando:
Mas existe alguém e todo um exército empenhado em fazer as pessoas pecarem cada vez mais, afastando-as ainda mais de Deus: o Diabo e seus demônios.
E esse cancelamento de dívidas é extremamente humilhante para eles.
v.15
despojando: após a batalha, o vitorioso leva as coisas do vencido.
Cristo arrancou do Diabo o poder sobre os pecadores que foram perdoados: 2Tm 2.26
Mas essa conquista não foi feita em segredo, exclusiva aos bastidores celestiais:
publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz
NVI: fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz
Que afirmação!
Aparentemente era Cristo quem estava exposto a um espetáculo público e o mais ridicularizado possível. Não um vitorioso, mas um pobre derrotado na cruz.
Mas a realidade era exatamente o contrário.
Cristo estava exposto, sim, mas em triunfo, mostrando o amor de Deus aos homens. Exibindo vitoriosamente o poder de salvar pecadores condenados.
O Diabo, esse sim, é que estava humilhado, exposto ao mundo inteiro como um perdedor, desprezado pelos que escaparam das garras dele. Desprezado pelo próprio Deus.
Graças a Deus, irmãos, pelo perdão, pela ressurreição e pela vitória que temos em Cristo!
E você, amigo, você prefere ficar escravizado a quem está derrotado?
Ou prefere ter todos os seus pecados perdoados HOJE e arrancado das mãos do diabo pelo Vencedor, Jesus Cristo?
Que Deus nos abençoe. Amém