Ap 22.12-19 54 minutos 08/12/2019
Mauro Clark
Terminemos de ver as passagens dos cap. 21 e 22 que não falaram da Nova Jerusalém.
Jesus agora assume a palavra (22.12 a 16). Interessante que João não ressalta isso.
Talvez faça parte do ritmo veloz das revelações de que falei.
22.12: E eis que venho sem demora...
Terceira vez que se refere à vinda rápida, sem demora.
É evidente a intenção do Espírito Santo de conscientizar o crente disso.
No auge dos seus sofrimentos e angústias lembre-se: Cristo vem sem demora!
e comigo ... o galardão ... tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras.
A ideia de galardão permeia a Bíblia, desde os tempos do AT.
Jesus ensinou que daria galardões. Paulo repetiu o ensino várias vezes.
Embora eu não vá desenvolver aqui, faço uma observação:
Tudo o que temos é dado, não apenas os bens materiais, mas especialmente a fé, a salvação, a vida eterna.
E ainda somos recompensados pelos serviços que fazemos a Cristo!
É muita misericórdia divina!
22.14a: Bem-aventurados... que lavam as suas vestiduras [no sangue do Cordeiro]...
V. Corrigida: Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos...
Seja com for, cada uma trata de um ponto básico de vida cristã: obedecer a Deus e ter tido a alma (simbolizada pela roupa) lavada pelo sangue de Cristo.
22.16: Eu, Jesus...
Alguém comentou algo excelente:
O NT começa com o anjo Gabriel dizendo a Maria que ela conceberia e daria à luz um filho, a quem chamaria pelo nome de Jesus (Lc 1.31).
O NT termina com o mesmo personagem Jesus, extremamente poderoso, se identificando e dizendo “Eu sou Jesus”.
O mesmo Jesus. O mesmo “ente santo”, de natureza humana e divina.
O mesmo Filho unigênito de Deus.
Não mais manifestado em carne, num corpo sujeito a dores e sofrimentos, limitado no uso da sua onisciência, executando um plano de resgate eterno.
Agora ressurreto, num corpo indestrutível, cheio de poder e glória, mas ainda um ser humano e ainda o divino Filho de Deus.
... enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas às igrejas...
Jesus volta a enfatizar duas coisas a João:
1. Os anjos, que disseram tantas coisas grandiosas, eram apenas porta-vozes de Cristo.
2. O alvo primário das revelações de Apocalipse era “as igrejas”.
Interessante: é comum afirmar-se que as igrejas saem de cena no cap. 3 de Apocalipse.
E em certo sentido, saem mesmo, já que Cristo as arrebatou antes de iniciar a Tribulação.
Mas há um aspecto em que as igrejas absolutamente não saíram de cena: elas continuavam sendo o alvo principal das revelações de Cristo.
Sei que é misterioso e difícil de explicar, mas salta aos olhos que Cristo tem um papel de destaque para a Sua Igreja, como se ela ocupasse um lugar especial no coração dEle!
Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela da manhã.
Jesus se identifica com dois títulos do AT:
1. Raiz e Geração de Davi
Raiz: de onde nasce a árvore. Em termos figurativos, progenitor, ascendente, o que gera.
Ele já tinha sido chamado assim, por um dos anciãos: Ap 5.5
Geração: gerado de.
Jesus está dizendo o seguinte: Eu sou a raiz (o que gerou) Davi e geração de Davi (gerado de Davi).
Como Jesus pode ter gerado Davi e ter sido gerado por Davi?
Prova belíssima das duas naturezas de Cristo. Como Deus, gerou Davi. Como homem, foi gerado de Davi, é descendente físico de Davi.
Essa é uma revelação espetacular que a Bíblia faz apenas no final da Bíblia? Nem tanto!
Is 11.1,10 contém as duas verdades:
v.1: tronco de Jessé (pai de Davi).
v.10: raiz de Jessé: gerou a Jessé (que gerou Davi).
Jesus juntou essas duas verdades numa só passagem: Mt 22.41-46
Outras passagens apontam para essa condição dupla de Cristo:
* Deus, que criou tudo, gerador de Jessé e Davi: Rm 15.12
* Homem, descendente físico de Davi: Jr 23.5 Mt 1.1; Rm 1.3
2. A brilhante Estrela da manhã
Expressão cercada de mistério.
Termo referido historicamente a Venus (vista como Vesper depois do por do sol, a oeste e como Estrela da manhã, vista antes do nascer do sol, a leste).
O significado desse título não é explicado na Bíblia e aqui pela 1ª. vez é aplicado a Cristo.
Alguns acham que pode se referir à estrela vista pelos magos do Oriente.
Em Ap 2:28 Jesus disse à igreja de Tiatira que lhe daria a estrela da manhã, mas também não explicou. Talvez estivesse referindo a Ele próprio.
Nm 24.17: Balaão falou que uma estrela procederia de Judá, talvez falando do Messias.
2 Pe 1:19: passagem profética, mas falando da atuação de Deus no coração do crente.
É difícil não associar o fato de que a estrela da manhã anuncia o fim da noite e a chegada na manhã, com a realidade de Jesus ser a luz do mundo.
Inclusive o sol justiça de Ml 4.2 é associado a Cristo.
Obs.: em Is 14.12 o personagem do texto é chamado de “estrela da manhã, filho da alva”.
O texto imediato (cap 13-14) é dirigido ao um rei da Babilônia.
Mas alguns entendem que Is 14.12-15 descreve a queda do belo anjo que se rebelou e se tornou Satanás (muitos discordam dessa visão).
Seja como for, mesmo que Is 14.12 se refira a Satanás, é antes da queda.
E Ez 28.12-15 confirma que o anjo, antes de se tornar Satanás, um ser belíssimo, coberto de pedras preciosas.
Lúcifer: termo latim que significa “portador de luz”. Parece que só começou a ser usado para Satanás a partir do século IV. Antes disso era um nome normal e existe São Lúcifer, que cria em Cristo como homem e Deus!
Voltando:
A “dança das falas” continua.
Jesus é interrompido (ele não havia acabado de falar, tanto que logo retorna no v.18).
22.17a: O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem!
A cena é de alta voltagem. É como se a insistência em Jesus dizer que voltaria em breve, empolgasse todos ao redor e os estimulasse a erguer um brado, como se todos quisessem clamar ao mesmo tempo.
O conteúdo desse clamor, era um só: Vem logo, Senhor Jesus!
O Espírito diz “Vem!”. Provavelmente o Espírito Santo.
A noiva diz “Vem!”. Os crentes da Igreja, ansiosos pela vinda do Noivo.
Aquele que ouve, diga: “Vem!”
Qualquer um que ouve essas profecias, em qualquer época.
A propósito: você tem dito constantemente, com grande fervor: “Vem, logo, meu Jesus!”
Conforme falei, Jesus retoma a palavra:
22.18-19
Volta ao assunto tocado no v. 7, a importância de se obedecer à Palavra de Deus.
E volta com muita força.
O resumo é: ninguém mexa nesse livro, nem para mais, nem para menos.
É absolutamente sagrado, verdadeiro, irretocável.
A pena de alterar é tão forte, que dá a impressão que, se fosse feita por um crente, este perderia a salvação.
Como isso é impossível, a conclusão é que alterar as Escrituras é típico de não salvo.
Como Apocalipse é o último livro da Bíblia, é natural que apliquemos essa ameaça para quem alterar qualquer parte da Bíblia.
Fica o alerta para pregadores que não se preocupam com fidelidade às Escrituras.
E para qualquer crente, quando se propõe a ensinar/explicar a Bíblia.
A última pregação de Apocalipse será sobre os dois últimos versículos. E que versículos!
Que Deus nos abençoe. Amém!