O dia da morte é melhor do que o dia do nascimento (Série ECLESIASTES 20)

Nessa parte do cap. 7 (até v.8), contrastes do tipo “Melhor é isso do que aquilo”.

v.1b: O dia da morte é melhor do que o dia do nascimento

Por que Salomão diz isso? Resposta difícil, com várias interpretações.

Embora não possamos afirmar (pois ele não explicou), sugiro duas respostas.

1. O mundo é ruim, perverso, pecador. A vida é, em grande parte, enfado, canseira.

Ora, o nascimento é a entrada para um ambiente desse! E a morte é a saída... fim, ufa!

Não é à toa que às vezes se diz sobre quem morreu: Descansou!

Considerando a ênfase que Salomão dá à vida embaixo do sol, é como se ele estivesse dizendo que, embora haja alegrias por aqui, (mulher da mocidade, comida, vinho, fruto de trabalho honesto), o saldo é negativo, não vale a pena. É melhor sair do que entrar.

2. Talvez ele queira dizer que a morte representa o momento de entrar no pós vida, no momento de dar contas a Deus.

De fato, ele não fala do pós vida nesta passagem, mas no livro ele fala várias vezes em dar contas a Deus.

Então a morte se torna um momento de muito mais peso do que o nascimento.

Nesse caso, o “melhor” do texto por ter certa nuance de “mais importante”, deve ser mais alvo da atenção das pessoas.

O morrer é o fim da jornada na terra.

E é a partir da morte que será iniciada a próxima fase da existência.

E a natureza dessa nova jornada dependerá de como a pessoa estava ao morrer.

Ao nascer, tem toda a vida pela frente, muito a definir. Ao morrer, a definição está dada.

Só que milhões valorizam a vida aqui como se a existência se resumisse a este mundo. Vibram com uma bebê que nasce, mas não meditam sobre o que a criança vai enfrentar.

Não aprofundam no significado real daquela vida que teve início: o propósito, as providências a serem tomadas para depois da vida, etc.

É como se não estivessem pensando no pós vida, que é muito mais importante porque será eterno.  E a morte é o portal

Quem vive se preparando para morrer é sábio.

Do ponto de vista de alguém sem Deus podemos dizer o seguinte:

A morte leva ao descanso das agruras da vida e, nesse sentido, é melhor do que o dia em que nasceu.

Só que a morte leva a uma nova fase da existência: o julgamento de Deus – que terá como base o estado da pessoa no momento da morte, não no que nasceu.

Isso deve dar muito no que pensar!

Agora, do ponto de vista do crente, esta verdade de Salomão adquire um colorido todo especial e fica fácil explicar porque é muitíssimo melhor morrer do que nascer!

* Ao nascer, estamos entrando num mundo infeliz, que odeia Cristo.

* Ao morrer, vamos imediatamente para um lugar onde todos O amam. Fp 1.23

* Ao nascer, estamos entrando num mundo cheio de canseiras, pecados, sofrimento, dor.

* Ao morrer, estamos entrando num ambiente cheio de alegria, de paz, de glória.

É como Paulo bem expressou: Gl 1.3-4.

Qual é o momento de nos desarraigar deste mundo perverso? O momento da morte!

Outro vs. que exprime ideia parecida, embora bem mais geral:

v. 8a: Melhor é o fim das coisas do que o seu princípio

O próprio Salomão disse que para tudo há um propósito (de Deus).

Ou seja, tudo tem um propósito a cumprir.

Enquanto esse propósito não for cumprido, há pendência, uma sensação de incompleto.

O propósito da existência de cada coisa aqui só alcança o cumprimento ao chegar o fim.

*Quando um soldado recebe uma missão árdua e perigosa, sonha para que se realize logo e possa chegar e dizer ao comandante: “Missão cumprida”. O fim da missão é muito melhor que o começo.

* Qual melhor, o início da faculdade, ou o fim?

* Para quem escreveu algum livro, conhece o indizível o prazer de terminá-lo.

Salomão então aplica esse princípio para tudo o que existe.

Na vida em geral, é melhor cumprir o que lhe compete do que ainda ter o que cumprir.

Lições práticas para o crente:

1. Pensar no que ocorrerá logo após a morte é muito saudável e é para ser agradável.

O nascimento ficou para trás, é passado.

A morte trará algo mais importante, mais alegre, aliás, inimaginavelmente espetacular.

O dia do nascimento é a entrada num mundo que nos odeia: Jo 15.19

O dia da morte é a entrada na nossa pátria! Fp3.20

Paulo se especializou em olhar principalmente para a frente: Fp 3.13

Aliás, ele foi além: ele aprendeu a preferir a chegada da morte, pois implicaria em habitar com o Senhor: 2Co 5.8

Você geme, aguardando o dia em que o seu corpo será redimido? Rm 8.23

Autor de Hebreus: olhem para a frente: Hb 12.1

2. Não apenas pensar no pós-morte, mas investir para quando chegar esse dia.

Esse investimento é o trabalho feito para Deus, que sabemos que será altamente recompensado no céu.

Quanto mais agradarmos a Deus aqui, mais galardões teremos para usar junto a Ele, depois da morte: Mt 6.19-20; 1Co 3.12-14

3) De maneira geral, quanto às nossas tarefas neste mundo, procuremos nos desincumbir delas de maneira correta, responsável. É grande o prazer de terminar bem um trabalho.

Ao nascer um filho, o pai sente enorme responsabilidade.

Quando o filho fica independente, chegou ao fim aque obrigação de criar e educar. Posso garantir que esse alvo cumprido é muito gostoso.

A sensação é muito mais agradável do que o dia que pai vê a criança no berço, totalmente dependente, doenças à frente, incertezas, etc.

Levemos muito a sério as coisas que temos para fazer neste mundo.

Enquanto faltar uma só, ainda temos pendência com o nosso Deus.

Quando terminar a última e Ele nos levar, feliz o que puder dizer como Paulo: 2Tm 4.7

E ouvir: … entra no gozo do teu Senhor - Mt 25.21

Que Deus nos abençoe. Amém