Ex 20.13 42 minutos 27/10/2019
Mauro Clark
Ordem curta, direta: Não matarás.
Sete palavras no hebraico são traduzidas por “matar” no português.
Essa aqui (rasah) é usada 47 vezes, no sentido de assassinar (embora às vezes inclua assassinato não intencional).
De qualquer forma, é matar de forma errada, sem amparo legal.
Não é usada quando Deus mata, ou quando alguém mata um animal, ou matar na guerra, ou punição da lei, ou defendendo a casa à noite.
Em suma, uma tradução melhor seria não assassinarás.
Era proibido tirar a vida por motivos pessoais, premeditadamente.
Motivos implícitos por trás do mandamento:
1) O homem é imagem e semelhança de Deus.
2) Deus é o Criador, apenas Ele tem direito sobre a vida.
E é nessa autoridade que Ele autorizou morte de seres humanos no AT:
* Desobediência a algumas leis, como essa própria; amaldiçoar os pais; idolatria etc.
* Alguns pecados sexuais
* Guerra
* Legítima defesa: permitido, mas com limitações: só à noite
* Pena por agressão, estabelecida pelas autoridades: vida por vida
Por causas dessas leis, muitos pensam erroneamente que no AT o tom era basicamente de vingança, sangue, rigor excessivo etc.
Não é bem assim. Havia orientação para amar: Lv 19.18
A questão é que algumas leis visavam o aspecto CIVIL de Israel, para manter a ORDEM.
NT
Esse sexto mandamento vale hoje?
Não só vale como foi aumentada a exigência: Mt 5.21-22
O assassinato nasce no coração. A ação em si é mera consequência.
Para Cristo, o sentimento íntimo é tão pecaminoso que equivale a um assassinato.
E, como qualquer pecado, é suficiente para condenar ao inferno – embora obviamente não seja igual e nem tenha o peso de um assassinato de fato.
Algumas questões polêmicas e práticas.
Pena de morte: continúa válido: Rm 13.1-4: espada é para morte
Observações interessantes:
* Cristo foi condenado à morte e não vemos Bíblia dar idéia de que era errado o sistema em si. Errado foi o julgamento que Ele teve.
* O Sinédrio condenou Estêvão e não há indícios de que a autoridade era indevida.
* Pedro condenou Ananias e Safira à morte, e os executou - ver At 5.9
Guerra: Não é assassinato, não está incluido no mandamento.
Aborto: É crime contra ser um humano.
Suicídio: Bíblia não comenta, mas é assassinato contra si próprio. Entendo ser pecado, pelo menos em princípio. As motivações e circunstâncias de cada caso, Deus julgue.
Eutanásia: Em princípio, é errado provocar a morte. Mas, novamente digo: as circunstâncias extremas são tantas, que é melhor deixarmos Deus julgar cada caso.
Em suma, devemos ter extremo respeito pela vida humana.
E não somente pela vida de um ser humano, mas pelo próprio ser humano em si.
Desprezar no coração, xingar, insultar – tudo isso é gravíssimo aos olhos de Deus.
É chocante dizer, mas pelos padrões divinos, somos todos assassinos no coração, e assassinos potenciais na prática.
Mas, sendo crentes, graças a Deus que somos assassinos perdoados em Cristo.
Vivamos de modo coerente com esse perdão e com o fato de sermos novas criaturas.
Que Deus nos abençoe. Amém