Continua a conversa de Jesus com os discípulos a caminho do Monte das Oliveiras, poucos instantes antes de ser traído.
Jesus deixa de falar no Espírito Santo e volta a falar na Sua partida iminente.
v.16-19
Um pouco e não mais me vereis; outra vez um pouco, e ver-me-eis
Jesus fala da Sua morte (que ocorreria horas depois) e da ressurreição (ao 3º. dia).
Eles não compreenderam e ficaram perguntando uns aos outros o que significava aquilo e também quando Ele dizia “Vou para o Pai”.
Eles não tiveram coragem de perguntá-Lo diretamente. Ficavam falando uns aos outros.
v. 19: Percebendo Jesus que desejavam interrogá-lo…
Jesus notou que estavam cochichando, e resolve falar mais algumas coisas.
Às vezes ficamos tão preocupados em “perguntar uns aos outros” coisas espirituais mais profundas, que esquecemos de perguntar diretamente a Cristo, através do Espírito Santo.
Cada vez que conversamos, assistimos uma aula, ouvimos uma pregação, estamos na verdade como que “perguntando uns aos outros”.
Exemplo: cada vez que abrimos um livro, estamos perguntando ao autor o que ele acha do assunto tratado no livro.
Só que, por mais profundo e capacitado que seja o autor, ele não passa de um pecador perdoado, como você. Ou seja, num certo sentido, estão nivelados.
O valor de uma aula, um livro, uma pregação é limitado.
Por melhores que sejam esses recursos, não devemos tomar como última palavra.
A última palavra é o que você compreendeu com a sua mente e aceitou dentro do coração como sendo o significado da Palavra de Deus.
E isso tem vir de Cristo.
Recorra portanto a Ele, pedindo que Ele lhe ensine, através do Espírito da Verdade, lhe esclareça, lhe ilumine para compreender o que está revelado na Bíblia.
v.20-22
Quando Jesus começa a falar em verdade, em verdade eu vos digo…, esperamos uma clara explicação da expressão “um pouco”, que os discípulos não compreenderam.
Talvez dizendo quanto tempo estava envolvido.
Mas Jesus raramente respondia uma indagação pela maneira mais elementar e óbvia.
Ia tão fundo, que achamos difícil entender a relação entre a resposta e a pergunta.
Disse alguém: “Jesus não respondia o que eles perguntavam, mas o que PRECISAVAM.”
Aqui Ele simplesmente não fala em duração de tempo. Acha melhor enfatizar duas coisas:
1) O grande CONTRASTE entre Seus discípulos e o mundo.
Os discípulos iriam chorar e lamentar (pela partida dEle).
O contraste já seria grande se dissesse que o mundo ficaria indiferente.
Mas a realidade seria muito pior: o mundo se alegrará.
Afirmação chocante e que deve ter cortado o coração do Salvador.
Os povos costumam se alegrar quando morre um ditador, um tirano perverso.
E ao contrário, se entristecem quando morre um bom governante, correto, justo.
Pois a reação à morte de Jesus seria como a de um elemento maligno à sociedade.
Como o mundo é cego, ignorante, perdido!
O contexto imediato refere-se às pessoas da época, que se alegraram com a morte dEle. Mas deve haver um sentido mais abrangente: o mundo de modo geral sempre desprezou a Pessoa de Cristo e tem feito muito pouco do fato de que Ele morreu numa cruz para poder oferecer a salvação a todo o mundo.
Amigo, o que VOCÊ acha da morte de Jesus, a que conclusão chega quando medita nisso e que ATITUDE você tem tomado?
2) A TRISTEZA SERIA PROVISÓRIA
Não que a tristeza simplesmente acabaria, mas seria TRANSFORMADA em alegria.
Usa figura da mulher que dá a luz: o nascimento do filho não traz apenas alívio das dores do parto, mas enorme alegria pela chegada da criança. A mesma criança que causou dores, trouxe alegria.
Eles voltariam a ver Jesus e naquele momento teriam grande alegria: Jo 20.20; Lc 24.41
E essa alegria seria apenas uma amostra da alegria eterna que teriam com Ele no céu.
Um grande segredo da vida cristã é a compreensão de que a vida difícil que temos aqui é provisória e que todos os sofrimentos serão TRANSFORMADOS em alegria e felicidade.
Essa verdade deve INFLUENCIAR nossa forma de VIVER aqui.
Pena que mesmo sabendo que as dificuldades da vida passarão, NOS ANGUSTIAMOS.
Não encaramos de modo altaneiro, conscientes que breve acabará essa fase sofrida e terá início nova fase, maravilhosa, ao lado de Cristo.
Mas quem consegue olhar para a frente, perturbando-se menos com o sofrimento provisório daqui, terá alcançado nível espiritual excelente.
* Abraão: Hb 11.9-10: entendeu que a cidade que Deus prometera estava no futuro.
* Abraão, filhos e Sara: Hb 11.13-14: sentiram-se aqui como “peixe fora dágua”
* Paulo: 2Co 4.17-18: leve, momentânea, temporais: tudo indica PROVISORIEDADE
Feliz do crente que entra por esse caminho.
Terá outra maneira de ver a vida, de encarar os problemas e, mais que tudo isso, ficará desejando ardentemente o encontro com Cristo (pela própria morte ou pela vinda dEle).
O problema é que muitas vezes nossa carne nos ilude e nos faz pensar que as coisas daqui são mais importantes e duradouras do que realmente são.
E terminamos AGARRADOS a elas.
* Seria ótimo viver nesta vida com perfeita saúde. Mas sabemos que não será assim.
Então, se sabemos, por que a falta de saúde nos abala tão profundamente?
* Seria ótimo viver com tranquilidade total. Mas sabemos que não será assim.
Então por que vivemos tão apavorados com a insegurança, violência, etc?
* Seria ótimo ter muito dinheiro a ponto de dinheiro nunca ser problema.
Mas sabemos que não é assim.
Para conseguir muito dinheiro é necessário sacrificar família, saúde, etc.
E mesmo os que têm muito dinheiro nunca acham suficiente, sempre querem mais.
Então, por que falamos tanto em dinheiro e suspiramos porque não temos mais?
Em suma: mesmo sabendo que nunca alcançaremos as condições perfeitas que gostaríamos aqui, nos dedicamos exageradamente a elas, ficamos tristes quando não conseguimos e esquecemos da ALEGRIA das coisas do alto, especialmente as futuras.
Algumas vezes Deus interfere com um golpe e nos obriga a colocar as coisas na perspectiva correta.
Um amigo crente perdeu a esposa e mergulhou Bíblia, especialmente Escatologia.
… e a vossa alegria ninguém poderá tirar
Fico imaginando a forte emoção no rosto e nas palavras de Jesus.
Não devia ser agradável para Ele saber que os discípulos iriam sofrer, ser perseguidos e morrer pela causa dEle.
Mas não era só perseguição e sofrimento que os aguardava: uma ALEGRIA imensa e pura estava reservada para eles.
Uma alegria GARANTIDA PELO PRÓPRIO DEUS, que ninguém poderia tirar.
Essa afirmação soa como DESAFIO de Cristo aos poderes e potestades: “Venham tirar a alegria dos meus discípulos quando eles me encontrarem!”
Lembra o brado de desafio de Paulo à morte: Tragada foi a morte pela vitória. Onde está ó morte a tua vitória, onde está ó morte o teu aguilhão? (1Co 15.54b-55).
As alegrias, delícias e vitórias que Deus nos promete estão totalmente fora do alcance de qualquer criatura no Universo que deseje impedir.
São promessas guardadas na palma da mão de Deus. Quem se atreve a querer tirar?
v.23-24
Jesus introduz um novo assunto: oração.
Naquele dia: fase iniciando com ressurreição, continuando com a ascensão e ministério do Espírito Santo nos crentes.
…nada me perguntareis… se pedirdes ... ao Pai, ele vo-lo concederá em meu nome
“Está terminando o tempo em que vocês perguntavam o que queriam a mim, aqui ao lado. Agora vocês vão pedir ao Pai, em meu nome e Ele lhes dará.” (Especialmente entendimento, pelo Espírito Santo).y0lç~~~~
Ele não proibiu de orarmos diretamente a Ele. Mas a oração padrão do crente é ao Pai, em nome de Jesus.
Até agora nada tendes pedido em meu nome; pedi e recebereis…
Claro que os discípulos já sabiam o que era orar ao Pai. Mas não em nome de Jesus.
Isso seria NOVIDADE.
Jesus estava ansioso para que eles experimentassem esse poder que estaria à disposição deles. Peçam e vejam o resultado: VOCÊS RECEBERÃO!
… para que a vossa alegria seja completa
Interessante: assunto da oração que Jesus introduziu no v.23 aparentemente não tinha nada a ver com a ALEGRIA de que estava falando antes.
Mas na realidade tinha a ver, e muito!
E a alegria de reencontrar Jesus não seria algo leve e passageiro, que se acabaria logo depois da sua ascensão.
Não lemos que eles ficaram tristes. Ao contrário, as referências falam de alegria, mesmo com tribulações: At 2.46; 5.41; 13.52
Pois uma fonte dessa alegria era o exercício de oração com o Pai, pedindo e recebendo.
Se fosse escrever os benefícios da oração, será que lhe ocorreria dizer: A oração me torna mais alegre, pois o exercício de PEDIR E RECEBER gera alegria dentro de mim?
Que Deus nos abençoe com tantas lições de Jesus! Amém