PREGAÇÃO

Tudo vem da mão de Deus (Série ECLESIASTES 6)

Ec 2.24-26      71 minutos      29/11/2020         

Mauro Clark


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Terminamos observando que Salomão tentara desesperadamente encontrar um sentido, um motivo para esperança ou alegria, nesta vida debaixo do sol.

Tentou nos confortos da vida, nada!

Tentou numa justificativa para buscar a sabedoria, nada!

Tentou encontrar algum alívio pensando que todo o seu trabalho seria aproveitado pelo seu herdeiro, e nada!

E emite uma frase obra prima de pessimismo:

v.23: Porque todos os seus dias são dores, e o seu trabalho, desgosto; até de noite não descansa o seu coração; também isto é vaidade. Quando parece que Salomão chegou num beco sem saída, que vai desistir de tudo, ele surpreende com uma nota de alívio:

Quando parece que Salomão chegou num beco sem saída, que vai desistir de tudo, ele surpreende com uma nota de alívio:

v.24a

Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho.

Que não há algum sentido da vida debaixo do sol, é certo.

Porém, mesmo nessa situação e numa rotina altamente cansativa, o ser humano consegue encontrar alguma alegria por aqui.

Não porque achou algum sentido existencial, a lhe assegurar uma esperança futura.

Mas apenas uma alegriazinha pontual, do dia a dia.

Essa alegria vem pelo simples comer, beber e desfrutar da alguma coisa que gosta, aproveitando algum recurso que conseguiu no trabalho.

Nesse ponto, alguém poderia argumentar:

- Então, Salomão, você está reconhecendo que está furada a sua tese de que embaixo do sol só há trabalho e canseira.

Você está confessando que existe uma certa alegria simultânea com todas as frustrações!

Ou seja, a vida embaixo do sol não é tão sombria e sem sentido quanto você diz.

Pela frase seguinte, parece que, Salomão responderia algo como:

- De fato, reconheço que a vida embaixo do sol não é assim tão sombria. Mas preciso explicar porque eu admito isso.

E faz uma afirmação surpreendente, como fazendo uma concessão ao rumo proposto de examinar a vida exclusivamente embaixo do sol:

v.24b-25 :

No entanto, vi também que isto vem da mão de Deus, pois, separado deste, quem pode comer ou quem pode alegrar-se?

(Corr.: em vez de separado deste, tem além de mim)

É como se dissesse:

- Embora a minha proposta seja analisar a vida exclusivamente embaixo do sol, reconheço que, a rigor, isso é impossível.

Para quem quer fazer análise rigorosa da vida, obrigatoriamente tem de considerar uma realidade, e essa realidade está acima do sol: essa realidade é Deus!

Simplesmente não há condições em falar da vida – comida, bebida, sentimentos, sem levar Deus em consideração.

Mas isso não significa que Salomão desistiu definitivamente de falar da vida embaixo do sol. Mesmo abrindo um parêntese aqui, logo volta a falar no tema “embaixo do sol”.

E até o cap. 10, ele irá alternar com comentários sobre a vida sem Deus e com Deus.

Salomão reconhece que não é utopia ou loucura querer encontrar um modo de ter uma vida confortável, boa alimentação, uma vida agradável, mesmo com a realidade de uma vida dura e sofrida.

De fato, muitos tem alguma alegria neste mundo, conseguem gozar razoavelmente a vida.

Só que isso só ocorre porque Deus concede!

Se não fosse Ele, ninguém conseguiria ter nada disso. 

Vemos então dois níveis de necessidade humana, sendo ambos providos por Deus para todos os seres humanos.

1. Subsistência física (comer e beber)

Isso combina perfeitamente com o que Jesus Cristo disse, na oração modelo:

O pão nosso de cada dia nos DAI-NOS HOJE. Mt 6.11

O verbo não é emprestar, vender, ceder, alugar, arrendar, mas DAR!

E mais: não é dar de uma vez por todas, ou anualmente, ou mensalmente, mas todo dia!

E essa verdade não é válida apenas para crentes, mas para todas as criaturas, até animais: Sl 104.24-29


 

2. Conforto de ânimo, atitude mental positiva, uma certa alegria de viver. 

Não é apenas para comer e beber que o homem precisa de Deus, mas também para ter qualquer tipo de alegria.

As coisas boas, que fazem as pessoas sorrir, vêm de Deus.

Deus não é um Deus carrancudo, sombrio, de tristeza, de amargura.

Quando se ira, é em reação ao pecado.

Mas como não há pecado no céu, o céu é um ambiente alegre:

* Os anjos cantavam e rejubilavam quando Deus fazia a Criação.  Jó 38.6-7

* Quando um pecador se arrepende na terra, há alegria no céu. Lc 15.10

Essa alegria do coração de Deus contagia os homens aqui na terra, embaixo do sol.

Os homens são grandes pecadores, mas Deus, na Sua misericórdia, lhes dá alegria.

Swindoll: “Muitos pensam que o mundo dá alegria e Deus estraga prazeres: é o contrário!”


Três lições para o crente: 

1. Obviamente você crê que Deus lhe dá o seu sustento.

Mas será que você valoriza cada porção que entra na sua boca, seja um arroz banal e meio sem graça, ou um gostosíssimo e caro camarão a milanesa. Uma simples banana ou um fina e sofisticada torta de morango?

O fato, irmãos, é que a rotina nos rouba a benção de apreciar essas coisas.

Até as orações que fazemos toda refeição vira rotina e muitas vezes nem nos concentramos nas palavras que estamos ouvindo ou dizendo. Que pena!

Não nos conformemos. Procuremos valorizar mais a fonte dos nossos alimentos: Deus. 

2.  Ao mesmo tempo em que não nos deixamos iludir com o mundo, podemos tirar alguma alegria dele, mesmo limitada, fugaz, dependente das circunstâncias. 

3. Mas nosso grande benefício é conhecermos a alegria que vem de Deus, mais profunda, com raízes espirituais, independe de circunstâncias, invisíveis aos olhos dos que olham apenas embaixo do sol. Mas visíveis aos olhos da fé.

Seja como for, graças a Deus por qualquer motivo de alegria que Ele nos dá. 

Resumindo: o crente deve gozar a vida que Deus dá aqui na terra: comer, beber, se alegrar com os frutos do seu trabalho.

Se esse trabalho é abençoado por Deus, os frutos são saudáveis e devem ser usufruídos.

Claro que felicidade plena nunca haverá na terra, nem alegria total.

Mas, dentro dos padrões de Deus, devemos tirar da vida o máximo de alegria e felicidade que pudermos. Salomão voltará a tocar nesse ponto adiante. 

Salomão agora faz uma revelação fantástica: 

v.26a: Porque Deus dá sabedoria, conhecimento e prazer ao homem que lhe agrada; mas ao pecador dá trabalho... 

Só existem dois tipos de seres humanos: os que estão sem Deus os que estão com Deus.

E existem várias maneiras de classificar cada grupo: perdidos e salvos, velho homem ou novo homem, etc.

Aqui, a classificação é:

1o. tipo: homem que agrada a Deus;

2o. tipo: pecador (obviamente não significa que os outros não são pecadores, mas os desse grupo são classificados por Deus como pecadores não perdoados, inveterados.). 

Vejamos então:

1) Ao que Lhe agrada, Deus dá sabedoria, conhecimento e prazer (alegria)

Novamente o mesmo verbo: dar

Não está escrito que, ao que Lhe agrada, Deus dá dinheiro ou saúde (embora na época do VT, com base na Aliança, havia a promessa de recompensa material, saúde, etc.).

O implícito é que dará ao crente sabedoria e conhecimento, para que consiga entender as coisas de maneira mais profunda e, especialmente conforme a ótica de Deus! 

Ora, essa é exatamente a grande diferença entre os salvos e os perdidos!

Os salvos conhecem os planos de Deus e os compreendem, pelo menos até certo ponto.

E quando não conseguem mais alcançar… crêem!

E não apenas crêem, mas se alegram! É exatamente isso o que Salomão está dizendo!

Deus não tira os problemas dos que Lhe amam.

Os salvos enfrentam problemas, dificuldades, dores, mas têm algo especial que os outros não têm: sabedoria, entendimento e uma alegria que nem sabem explicar bem.

 

2) Ao que não Lhe agrada, ou seja, ao pecador, dá trabalho…

Que contraste: para um, sabedoria, conhecimento e prazer. Para outro, trabalho!

Mas o contraste fica ainda mais chocante, quando vemos o motivo pelo qual Deus dá trabalho ao pecador:

v.26b: ... para que ele ajunte e amontoe, a fim de dar àquele que agrada a Deus.

O quadro não é do crente na sombra, debaixo da árvore, cheio de sabedoria, culto, batendo papo, rindo, alegre, e o pecador sem Deus suando, trabalhando, para dar todo o seu rendimento ao crente.

Essa não é e nunca foi a realidade. Então o que significa?

Vejo dois sentidos, um mais pontual, outro mais geral.

Mais pontual: Muitos descrentes deixarão os bens para herdeiros crentes (Jó 27:16,17; Pv 13:22; 28:8)

 

Mais geral

: Os que agradam a Deus (minoria na terra) usufruem do trabalho dos que não agradam (a grande maioria).

Grande parte do que usufruímos da ciência para a nossa saúde e conforto (remédios, equipamentos cirúrgicos, eletricidade, telefone, ar condicionado, fogão a gás, comunicação, etc.) certamente foi descoberto por pessoas que não agradam a Deus.

E deram duro, talvez tenham dedicado a vida, talvez venderam a alma para isso.

E os crentes, embora trabalhando e dando duro também, não tem como objetivo principal na vida o fruto desse trabalho, mas o agradar a Deus.

Os crentes fiéis reservam tempo para Deus, procuram servi-Lo, colocando todas as suas capacidades à disposição do reino de Deus.

Como consequência, geralmente colherão na terra menos bens. Mas, receberam sabedoria para entender tudo isso e capacidade para se alegrar com o que têm, mesmo sendo pouco.

 

Lições ao crente:

1) Agradeça a Deus pela sabedoria que lhe deu para entender as coisas dEle.

Nas agruras e dificuldades da vida, isso é vantagem enorme sobre os que não têm Deus.

 

2) Não se mate de trabalhar/estudar, exagerando no esforço de ganhar o pão com suor do rosto, deixando em segundo plano o trabalho para Deus.

O que Deus quiser dar a você, dará, mesmo que Ele se utilize do trabalho de outros!

 

v.26b: Também isto é vaidade e correr atrás do vento.

Quer dizer que todas as revelações sobre Deus, etc., desde o v. 24 até aqui, entra na categoria de ser nulidade?

Creio que não. Essa expressão é aplicada apenas aos que não agradam a Deus, ou seja, os que vivem embaixo do sol.

Claramente Salomão volta à tese do livro: falar da vida embaixo do sol (indicado também pela volta da expressão “embaixo do sol” no versículo seguinte (3.1) 

Comentei que ninguém consegue viver embaixo do sol sem a interferência de Deus, que dá até um pedaço de pão. E dá alegria, dá tudo para o ser humano.

Agora, se crê nisso ou não, se é grato a Deus ou não, isso é com cada um. 

Que Deus nos ajude com essas lições.  Amém

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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