PREGAÇÃO

Vida eterna por crer num crucificado?

Jo 3.14-15      64 minutos      29/12/2019         

Mauro Clark


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Até aqui, na conversa com Nicodemos, Jesus ensinou que para entrar no reino de Deus é necessário um novo nascimento - uma obra sobrenatural e misteriosa do Espírito Santo.

Ficou implício que não era suficiente ser judeu, ou conhecer as Escrituras, ser mestre em Israel, ser fariseu, ser do Sinédrio, etc.

 

Dos v.3-10, Jesus colocou sobre o Espírito Santo a ênfase no processo do novo nascimento e, assim, da entrada no reino de Deus.

Nos v.11-13, Jesus começou a falar dEle próprio, mas por enquanto, apenas para afirmar a autoridade divina do seu ensino, pois Ele próprio descera do céu. 

 

Mas agora, de repente, em apenas uma frase, Jesus faz mais duas revelações cruciais na questão da salvação humana: 

1. Não é apenas o Espírito Santo o responsável divino pela salvação do pecador.

Ele próprio, Jesus, também tem um papel sina quae non na salvação humana.

Esse papel, essa missão, era ser levantado numa cruz e ali morrer.

Do jeito que sem a interferência do Espírito Santo no nascer de novo, ninguém seria salvo, também sem a morte de Cristo ninguém seria salvo.

(Aliás, a morte – e ressurreição de Cristo – é que dariam base para o trabalho regenerador do Espírito Santo).

 

2. Para se beneficiar da salvação de Cristo, seria necessário “algo” vindo do pecador.

Pensemos um pouco: após ouvir Jesus falar de nascer de novo, de nascer do Espírito Santo, Nicodemos bem poderia ter pensado: “Então é só esperar”.

 

De fato, é e não é!

É – porque a iniciativa e o poder, no início do processo, é do Espírito Santo.

Não é - porque Deus quer “algo” do homem nesse processo.

Não que Deus precise desse “algo” humano.

Não que o poder divino de salvar tenha de ser complementado por esse “algo” humano.

Não que esse “algo” humano interfira de algum modo no processo de eleição realizado por Deus antes da fundação do mundo.

Mas que Deus deseja esse “algo” humano, deseja. E o que é?

 

Pode não parecer, mas é essa pergunta que Jesus começa a responder quando abruptamente muda novamente de ilustração e faz uma comparação estranha: compara a si próprio com a serpente que Moisés levantou no deserto.

 

Nm 21.4-9

Para escapar do veneno mortal e viver, o israelita NÃO deveria:

1. Fazer remédios para sí próprios  
2. Procurar cura em outros. (Não seria difícil surgir um charlatão: “Tenho a cura aqui!”)
3. Pagar nada.
Se pagassem, a misericórdia de Deus perderia o valor. Quem paga exige, tem direito.

E o que deveria fazer, se picado? Apenas OLHAR! (Mesmo sendo cego, bastava olhar).

 

Embora soubesse da história, o que deve ter deixado Nicodemos admirado (e sem compreender) foi a comparação com o levantamento do Filho do Homem, o próprio Jesus.

 

À parte do que Nicodemos entendeu ou não, ao fazer a analogia, Jesus ensinou doutrinas básicas da salvação. Aliás, o AT contém doutrinas inteiras do NT em tipos e figuras.

 

A serpente, obviamente, era um tipo de Cristo. Vários pontos:

* A serpente levantada não era um animal de fato, mas uma representação, de bronze.

Jesus Cristo, embora perfeitamente homem, não era igual ao pecador, apenas semelhante: Hb 4.15; Fp 2.7

 

* O veneno mortal dentro das serpentes verdadeiras eram símbolo do pecado (igualmente mortal!) dentro do pecador.

 

* Do jeito que um judeu mordido não deveria fazer remédios para sí próprio, o pecador NADA pode fazer para curar o próprio pecado: Jo 6.44; Jr 13.23

 

* Da maneira que um israelita não deveria procurar cura em outros, ninguém neste mundo tem a cura para o precado.

Falsos profetas apontam o próprio rumo da salvação (se dizendo porta-vozes de Deus).
Uns dizem que são representantes de Deus na Terra.

Outros dizem que têm poderes fantásticos e que não há salvação fora da sua religião. (Young, líder mórmon, ao perguntarem se apenas os mórmons são salvos, disse: Claro!).

Esses enganadores agem como o suposto charlatão judeu que dizia ter a cura.
Não se iluda: o veneno mortal que você tem dentro (pecado), homem nenhum neutraliza.
Quem tivesse esse poder, seria o salvador de si mesmo. Mas há só um! At 4.12

 

* Se um judeu picado não devia pagar nada para ser curado, o pecador não precisa pagar nada para ser salvo.
A salvação é de graça. Ef 2.8-9; Tt 3.3-5
A idéia de retribuição pela salvação desvaloriza a morte de Cristo.
Além disso, deixaria a idea de que quem pagou salvou a si próprio.

 

* Do modo que a serpente foi levantava com o objetivo específico de salvar pessoas contaminadas pelo veneno mortal das serpentes, Cristo foi levantado com o objetivo específico de salvar pessoas contaminadas pelo pecado.

 

* Do jeito que a única coisa que o israelita envenenado poderia fazer era olhar para a serpente de bronze, a única coisa que um pecador pode fazer para ser salvo é olhar para a cruz: Is 45.22. Mesmo considerando que é cego: Is 42.18.

Olhar crendo que vai ser salvo. Esse é o ponto crucial: crer.

 

Foi exatamente com esse conceito que Jesus concluíu a conversa com Nicodemos: quem crer nEle, Jesus, terá a vida eterna.

Não um mero acreditar no personagem histórico.

Mas crer em Cristo levantado, crucificado – e compreender o que significa aquela morte.

Um crer que leva a pessoa a se identificar com Cristo naquela cruz, reconhecendo que ela é quem merecia estar lá e, assim, arrependimento e  pedindo perdão.

 

Encerro lembrando que logo a seguir vem o mais famoso versículo da Bíblia: Jo 3.16.

Não vou desenvolver, mas quero frizar que, a rigor, todo o texto v.16-21 é uma expansão do que está contido do modo compacto nos v.14-15.

 

Você, amigo, está disposto a olhar para Cristo, crendo que Ele lhe livrará da condenação?

Que Deus nos abençoe. Amém

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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